domingo, 4 de abril de 2010

POLÍTICA


Assim se defini:Política 1.conjunto dos fenômenos e das práticas relativos ao Estado ou a uma sociedade.2.Arte e ciência de bem governar,de cuidar dos negócios públicos. 3 Qualquer modalidade de exercícios da política. 4.Habilidade no trato das relações humanas.5.Modo acertado de conduzir uma negociação,estratégica.

No catecismo da Igreja católica encontramos:
A autoridade política deve desenvolver-se dentro dos limites da ordem moral e garantir as condições para o exercícios da liberdade.(1923)

A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessário quando se trata de descobrir; de inventar meios para impregnar as realidades sociais; políticas e econômicas com as exigências da doutrina e da vida cristãs .Esta iniciativa é um elemento normal da vida da Igreja.(899)

Os fiéis leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja: graças a eles a Igreja é o princípio vital da sociedade humana. Por isso , especialmente eles devem ter uma consciência sempre mais clara não somente de pertencerem à Igreja, mas de serem Igreja,isto é, a comunidade dos fiéis na terra sob a direção do Chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são a Igreja 1625.

Não cabe aos pastores da Igreja intervir diretamente na construção política e na organização da vida social. Essa tarefa faz parte da vocação dos fiéis leigos, que agem por própria iniciativa com seus concidadãos. A ação social pode implicar uma pluralidade de caminhos concretos. Terá sempre em vista o bem comum e se conformará com a mensagem evangélica e com a doutrina da Igreja. Cabe aos fiéis leigos "animar as realidades temporais com zelo cristão e comportar-se como artesãos da paz e da justiça"601,(2442)

Faz parte da missão da Igreja "emitir juízo moral também sobre as realidades que dizem respeito à ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas, empregando todos os recursos---- e somente estes----- que estão de acordo com o Evangelho e com o bem de todos, conforme a diversidade dos tempos e das situações"440.(2246)

Se,por um lado, a autoridade remete a uma ordem fixada por Deus, por outro," são entregues à livre vontade dos cidadãos a escolha do regime e a designação dos governantes"152.
A diversidade dos regimes políticos é moralmente admissível, contando que concorram para o bem legítimo da comunidade que os adota . Os regimes cuja natureza é contrária à lei natural, à ordem pública e aos direitos fundamentais das pessoas não podem realizar o bem comum das nações às quais são impostos.(1901)

Os poderes políticos devem respeitar fundamentais da pessoa humana. Exercerão humanamente a justiça no respeito pelo direito de cada um, principalmente das famílias e dos deserdados. Os direitos políticos ligados à cidadania podem e devem ser concedidos segundo as exigências do bem comum.Não podem ser suspensos pelos poderes públicos sem motivo legítimo e proporcionado. O exercício dos direitos políticos está destinado ao bem comum da nação e da comunidade humana.(2237)

O dever da obediência impõe a todos prestar à autoridade as honras a ela devidas e cercar de respeito e, conforme seu mérito de gratidão e benevolência as pessoas investidas de autoridades.

Deve-se ao papa S.Clemente de Roma a mais antiga oração da Igreja pela autoridade política 150.

" Concedei-lhes, Senhor, a saúde, a paz, a concórdia, a estabilidade, para que exerçam sem entraves a soberania que lhes concedestes. Sois vós, Mestre, rei celeste dos séculos, quem dá aos filhos dos homens glória, honra e poder sobre as coisas da terra .Dirigi, Senhor, seu conselho segundo o que é bom, segundo o que é agradável a vossos olhos, a fim de que ,exercendo com piedade, na paz e mansidão, o poder que lhes destes, vos encontrem propício151.(1900)

Dentro deste contexto partilho um belo texto do professor: Eduardo Machado(Setembro 2008)
FÉ E POLÍTICA
Fui convidado a participar de um seminário sobre "Fé e Política" numa das paróquias de Belo Horizonte.Com tranquilidade,sem fazer propaganda partidária ou proselitismo de qualquer espécie,defendi a importância da presença ativa dos Cristãos na política,inclusive atravês de mandatos populares e militância em partidos,sindicatos,associações,etc.Durante o debate que se seguiu,uma pessoa da platéia questionou minhas idéias dizendo que a Igreja tem que cuidar das coisas do espírito,da alma,e deixar a política para os políticos.A intervenção mexeu com o público,despertando olhares e comentários de aprovação ou contestação.Senti-me feliz.Nada pior que um auditório apático,desinteressado. Aproveitei a intervenção instigante e convidei os presentes a aprofundar a reflexão.
Comecei perguntando:a quem nos referimos quando falamos de Igreja? Naquele ambiente católico,seria ao papa,aos bispos,padres,ao clero? Quem ou o quê seria essa Igreja destinada a cuidar das coisas do espírito,isolada das grandes e pequenas questões que afetam o nosso dia a dia? Aliás,como separar as coisas do espírito do nosso cotidiano?
O debate pegou fogo com a platéia conversando entre si, opiniões as mais diversas sendo colocadas na roda.Em meio àquele burburinho, lembrei-me de uma aula na qual entrei na sala e escrevi no quadro a palavra IGREJA, sem dizer nada.
Após um breve tempo de silêncio,os alunos curiosos,intrigados,pedi que cada um fosse ao quadro e escrevesse também numa palavra, a primeira idéia que lhe veio á mente ou ao coração,diante daquela expressão.
Depois de alguns instantes de hesitação,o primeiro corajoso foi ao quadro e escreveu: missa. Logo outro se seguiu e escreveu,ALIENAÇÃO, voltando á carteira com um sorriso provocativo.
Logo o quadro ficou cheio de palavras retratando os mais diversos sentimentos e conceitos. Ao final,com a ajuda dos alunos,fui agrupando as palavras que tinam afinidade entre si. Em meio a tantas idéias,três prevaleceram: Igreja;na visão dos alunos; ou era uma INSTITUIÇÃO, ou um LUGAR ou uma COMUNIDADE. Lembrei-me de tudo isso numa fração de segundos e logo voltei a atenção ao debate que continuava agitado.
Pedi a palavra e contei essa experiência guardada na minha memória, concluindo: na minha infância ouvia muito a expressão de que tinha que IR À IGREJA. No meu caso,era só atravessar a rua. Um gesto físico, num espaço geográfico.
O tempo e a espiritualidade me ensinaram,ao poucos,eu preciso SER IGREJA. E aí, a trajetória, o itinerário é outro. Atravessar a rua dos meus preconceitos,das minhas dificuldades de relacionamento,das contradições do poder,das limitações humanas,tão presentes...
Olho, mais que isso, CONTEMPLO a platéia que me ouve em silêncio. Um sentimento fraterno,amoroso,aquece meu coração que reafirma: A IGREJA SOMOS NÓS, todos nós que professamos a mesma Fé e somos discípulos seguidores de Jesus Cristo.
E é como cristãos, e portanto como Igreja, que nos fazemos presentes em todas as realidades humanas, inclusive na Política.
Reúno as idéias ali discutidas como aquelas palavras escritas no quadro da minha memória. Vejo-me professor, sem ser professoral, aprendendo com meus alunos. Concluímos: a experiência religiosa não acontece no vácuo. Ao contrário,ela sofre a influência de fatores culturais, sociais e também políticos. Um mandato político significa poder. E o poder, em si, não é uma coisa má. O que pode ser bom ou mau é a forma como se exerce o poder.
Para ilustrar isso,convido todos a ouvirem uma passagem do Evangelho. Fui até o ambão, peguei a Bíblia e li solenemente: Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas. Capítulo 3, versículos 1 e 2 .
No oitavo ano do mandato de George Bush, sendo Luis Inácio Lula da Silva presidente do Brasil e Aécio Neves governador de Minas Gerais e seu aliado Pimentel de Belo Horizonte. Sendo José Serra governador de São Paulo e Sérgio Cabral governador do Rio de Janeiro e sendo Bento XVI o papa,foi nesse tempo que Deus revelou sua palavra a um grupo reunido no Salão paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Conceição..."
Palavra das Salvação!
Ninguém respondeu. A primeira reação foi de silêncio e surpresa. Mas logo uma senhora deu uma gargalhada e mineiramente perguntou:
- "Uai, professor,que Bíblia é essa que o senhor arrumou?"
Passei o Evangelho a ela e pedi que lesse em voz alta o texto citado. Ela leu:
"No décimo quinto ano do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia; e Herodes tetrarca da Galiléia, e seu irmão,Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconítide; e Lisâneas tetrarca da Abilínia, sendo Anás e Caifás os sumos sacerdotes: foi nesse tempo que Deus revelou sua palavra a João, filho de Zacarias,no deserto."
Não precisei comentar. A compreensão foi imediata. O Evangelista Lucas começa a narrativa da vida pública de Jesus situando-a no contexto histórico e, mais que isso,político,do seu tempo. A vida de Jesus também não acontece no vácuo. Ele se relacionou com personagens concretos,pessoas que exerciam o poder em seus diversos níveis,na Palestina de 2000 anos atrás.
Assim começou a vida pública de Jesus que vai terminar com uma sentença de morte, lá no final do Evangelho de João (Jo.19,12-16). Então vamos encontrá-lo sendo condenado sob a acusação política de ser um subversivo: os Judeus pressionavam Pilatos,dizendo:
"Ele se proclama Rei. Não temos outro Rei senão César. Se soltas esse homem não és amigo de César. Quem se faz rei,vai contra César!"
E Pilatos, pressionado, amedrontado,"usa" o seu poder e condena Jesus à morte.
O poder PODE. Pode oprimir,explorar,ser usado em benefício próprio ou de grupos.Pode também ser colocado a serviço da dignidade das pessoas, da promoção da justiça, da distribuição justa de bens, oportunidades e direitos.
A política pode ser a arte da construção do futuro,no aqui e no agora. E para construir um futuro que ainda não está pronto, é preciso, primeiro, aprender a APRENDER. E eu, como professor e cidadão,não posso,não tenho o direito de desistir de aprender para poder ensinar.
Aprender a construir com cada geração que passa pela minha sala de aula, que pode ser aquela,formal,com quadro e carteiras, ou essa crônica aqui partilhada; Sem radicalismos, ironias ou coisas que todo mundo vê,mas de um MODO diferente..."
O olhar do Cristão tem a marca da esperança, da utopia. E utopia cristã não é sonho impossível. É rumo. É para lá que somos chamados a caminhar. O olhar do cristão reconstrói e recria, todos os dias, essa utopia do rumo, da caminhada. E no caminho faz companheiros. A etimologia nos diz que companheiro é o que com-partilha o mesmo pão.
Alguém aí lembrou de mesa, de Eucaristia?
O olhar do cristão estimula a partilha do ter e do ser. Multiplica a palavra e a transforma em gesto.
Pequenos gestos que vão construindo,na caminhada, a possibilidade de uma vida nova.
Vida nova... Alguém aí lembrou de Páscoa, de ressurreição?
Vida nova, um mundo diferente... E o que podemos ser e fazer diferente,como cidadãos, como nação? Podemos ser MAIS. Podemos ser melhores. Podemos ser Igreja.
Podemos ser cristãos, discípulos seguidores de Jesus de Nazaré. E seguindo-O , imitar sua ética, seus valores,seus gestos. Podemos nos inspirar nos seus sonhos e caminhar nos seus passos.
E assim, o mundo poderá ser melhor, porque nós passamos por ele e ajudamos a transformá-lo.
Inclusive com o nosso VOTO.

Diante destas propostas a palavra de Deus também nós exorta:
1.Antes de tudo, peço que se façam súplicas, orações, intercessões, ação de graças, por todas as pessoas,
2.pelos reis e pelas autoridades em geral, para que possam levar uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e dignidade.
3.Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador.
4.Ele quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.(ITm 2)
Que o Espírito Santo de Deus,nós ajude a decidirmos sobre sua ótica.Assim seja Amém.